segunda-feira, outubro 08, 2012

Jimi Hendrix era Inglês!





Qualquer um que girasse pelas baladas londrinas em 1966-1967, com certeza se enganou a respeito de um guitarrista que parecia ser diferente de todos os da época (e por que não, de todos os tempos), e que atendia pelo nome de Jimi Hendrix.

Nascido em Seattle, Hendrix fez o seu nome na então Swingin’ London, quando a capital inglesa oferecia ao mundo o melhor da cultura pop. Fato. Jimi não amarelou frente à concorrência. Sua necessidade de ser notado fez com que fosse possível superar em criatividade até mesmo os mais poderosos. Eric Clapton, Pete Townshend e Jeff Beck chegaram a temer pelo emprego. Exagero? As cordas de sua Fender Stratocaster e a língua do guitarrista deram a resposta.

Made In England

A alta freqüência de Hendrix em picos como Scotch of St. James, Bag O’ Nails e Saville Theatre confundia a cabeça do público. Ao lado dos britânicos Noel Redding (baixo) e Mitch Mitchell (bateria), o descendente de africanos e   nativos americanos fazia um som mais inglês que muitos locais. Falamos aqui de um mix indefectível de soul, funk, rock, black music e psicodelia. Estilo – veja bem – que nunca parou de ser imitado. Basta ver as performances de John Frusciante no Red Hot Chili Pepper’s como um dos exemplos bem-sucedidos dessa influência.




Quando Jimi atingiu as paradas em dezembro de 1966 com o single Hey Joe/Stone Free, a mídia comprou rapidamente a ideia. Aparições constantes em programas como Top of The Pops, Ready, Steady and Go! e inúmeros shows de radio na BBC espalharam a notícia para o resto do mundo. O prêmio de Artista Pop do Ano, concedido pelo hoje extinto semanário inglês Melody Maker em 67 e 68, também ajudou.

Esta escalada pela noite e ondas radiofônicas levou Jimi Hendrix a produzir Are You Experienced? – seu primeiro LP feito em Londres – gravando no Olympic Studios, De Lane Lea e até no CBS Studios, da Bond Street. O disco foi bem nas paradas, ainda mais após o barulho feito por “Purple Haze” - talvez, sua música mais famosa.

Graças à receptividade do primeiro vinil, o segundo álbum – Axis: Bold As Love – teve de ser concebido em alta rotatividade. Em menos de um mês, o disco estava pronto. Sem o mesmo impacto do anterior, mas com pelo menos uma faixa candidata a clássico: “Little Wing” – regravada por gigantes como Eric Clapton e Sting.

Tio Sam
O retorno triunfante de Jimi Hendrix aos Estados Unidos também tem origem britânica. Poucos sabem, mas Paul McCartney foi um de seus “padrinhos”, encorajando os organizadores do Monterey Pop Festival a incluí-lo no programa, entre 16 e 18 de junho, na Califórnia. A abrasiva performance carimbou o seu repatriamento para os Estados Unidos, onde o artista comoveria o mundo com uma lendária atuação em Woodstock, dois anos mais tarde.


Jimi Hendrix deixou o planeta (ao menos, fisicamente), em 18 de setembro de 1970. Ironicamente, na velha Londres, cidade que o acolheu e lançou para o estrelato. Quem pensa em viajar para lá poderá visitar sua residência em Brook Street, nº 23, na região de Mayfair. Uma placa azul com seu nome é a prova de que a cidade foi seu principal QG em sua curta e explosiva carreira.

 Jimi foi, sem dúvida, o mais inglês dos guitarristas americanos.

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quinta-feira, setembro 06, 2012

O Evangelho dos Beatles, segundo Mark Lewisohn






Entre as inúmeras tiradas feitas com tudo o que é relacionado aos Beatles, pode se dizer que, desde seu primeiro livro – The Beatles Live! (1986) – a carreira de Mark Lewisohn tem provado ser “Uma estrada longa e sinuosa”.  Fato. O trocadilho com “The Long And Winding Road” seria 100% apropriado, caso os desvios encarados pelo maior expert no quarteto não tenham levado o inglês ao Olimpo dos escritores. Por isso, vale a pena olhar um pouco ao passado para saber a origem da lenda.

Como feedback positivo da primeira obra, Mark recebeu a missão de continuar as pesquisas do engenheiro da EMI, John Barrett, que, pouco antes de morrer, catalogara fita por fita, gravação por gravação dos Fab Four nos estúdios Abbey Road. O produto da labuta foi o massivo The Complete Recording Sessions (1988), segundo livro – e mais famoso de todos -, que conta os segredos de cada take produzido pelos garotos de Liverpool, de “Love Me Do” a “Let It Be”.

Assim, o trabalho cirúrgico do historiador foi sendo prolongado. Com tantas obras aclamadas no CV, Lewisohn passou ainda a colaborar com a MPL (companhia de Paul McCartney) em inúmeros projetos, e se aprofundar no universo dos Beatles com a retrospectiva série multimídia Anthology (1995-1996), entre outras jornadas investigativas sobre a banda.

Odisseia




Em 2005, Mark Lewisohn fez o pronunciamento oficial. Em três anos, o mundo receberia o seu mais ambicioso projeto: o primeiro volume de uma biografia meticulosa e reveladora sobre a carreira de John, Paul, George e Ringo. A complexidade e o perfeccionismo exigidos por seu criador, entretanto, o obrigaram a adiar diversas vezes o início da trilogia, batizada em 2010 como The Beatles: The Complete Story. Se nada for alterado, esta "nova bíblia" (800 páginas) deve chegar às lojas, finalmente, em setembro de 2013. É muito tempo? Se contar com a ansiedade dos fãs, é uma eternidade. Se o lado do perfeccionismo for levado mais em conta, será o tempo necessário para colher informações jamais lidas em qualquer outro livro.

Confira agora algumas informações extras sobre este projeto, da boca do próprio Mark Lewisohn. O material a seguir foi compilado de algumas entrevistas que fiz com o autor entre 2009-2011, além de material divulgado por sites dos Estados Unidos e Inglaterra.


* The Beatles: The Complete Story ia se chamar FAB em 2003, mas o título foi modificado em 2008.

* Antes de iniciar as entrevistas e pesquisas para o livro, Mark Lewisohn planejava escrever uma obra que dissecasse somente o ano de 1963, considerado divisor de águas na carreira dos Beatles.

* Para compor The Complete Beatles Story, que será dividido em três volumes, Mark Lewisohn receberá, no total, cerca de 1 milhão e duzentos mil libras esterlinas (cerca de 4 milhões de reais).

*O primeiro volume de The Beatles: The Complete Story vai cobrir os anos de 1940 a 1962, mas também viaja ainda mais ao passado. Precisamente, ao século 19, em busca das raízes mais primitivas dos membros do quarteto.

* Mark Lewisohn afirmou: embora milhões de livros tenham chegado às mãos dos fãs, ainda existem informações inéditas a serem exploradas. Segundo ele, cada capítulo reserva surpresas para quem é apaixonado pelo grupo.

* Apesar de manter segredo de estado sobre as novidades, Mark adiantou que nós ficaremos sabendo como foi todo o processo para que os Beatles pudessem chegar ao palco do Ed Sullivan Theater em Nova York, em fevereiro de 1964.

* Vida de historiador - principalmente, dos Beatles - não é das mais fáceis. Para dar conta de tanto trabalho, Mark entra em seu escritório às 5h30 da manhã e só deixa o local perto das 10h da noite.

* Mark é um apaixonado por pesquisas, e o assunto Beatles sempre foi o mais atraente. Fã desde a infância, o autor garante: vai apresentar a verdade nua e crua sobre os fatos, sem preservar ou proteger qualquer detalhe relacionado a John, Paul, George e Ringo.

* Para investigar todos os assuntos possíveis, Mark tem viajado muito: Liverpool, Hamburgo, Los Angeles, Nova York, Paris são algumas das cidades visitadas pelo pesquisador. Tudo para obter informações direto da fonte, e de pessoas jamais entrevistadas sobre o assunto.

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segunda-feira, agosto 13, 2012

Britânicos "contra-atacam" e espalham alegria



Entre 27 de julho e ontem, 13 de agosto, o que os britânicos viram foi uma Invasão Mundial em seu território - tudo por causa da Olimpíada, que nos deu 17 medalhas e mais de 100 para os campeões, Estados Unidos. No placar geral, os anfitriões do Reino Unido ficaram em terceiro, com 65.

Ah, mas quando o assunto é música...quem foi mesmo que venceu os Jogos Olímpicos?

Se o planeta tomou conta da Ilha por 15 dias, a Invasão Brtiânica que começou nos anos de 1960 e não tem data para acabar foi o grande destaque das competições.

Os organizadores das Olimpíadas cumpriram bem a tarefa de nos relembrar sobre o poder de fogo do som britânico. A abertura, você sabe, foi trilhada por performances ao vivo de Arctic Monkeys e Sir Paul McCartney, além das músicas incluídas no iPod do desfile: com U2, New Order, David Bowie, Rolling Stones, Sex Pistols, Chemical Brothers, Led Zeppelin, Mike Oldfield, The Jam, Pink Floyd, Radiohead, The Clash, The Who, The Specials, Amy Winehouse e Blur. 



No fim da maratona esportiva, coube à direção alegrar a galera na sempre triste despedida dos super atletas. E como superar esse ressentimento? Resposta: com a inusitada performance de “Wonderwall” por Liam Gallagher e a Beady Eye, que fez as viúvas do Oasis pularem.

E a projeção holográfica de Freddie Mercury, animando o estádio como se fosse 1986? Arrepiou ao abrir espaço para Brian May na guitarra, e sua cabeleira prateada, e pelo baterista Roger Taylor com “Brighton Rock” e “We Will Rock You”, com o vocal da new hitmaker Jesse J.

Até Russell Brand - o não tão engraçado herdeiro da tradição Monty Python - se deu bem quando entrou à lá Willy Wonka, e se transformou em Dr. Robert, do filme Across The Universe puxando o coro de “I Am The Walrus”?

A nova geração do pop Britton foi representada pelo Muse, que embalou o público com uma das músicas oficiais: “Survival” (do novo álbum).




O clímax da festa (que teve até “Freedom 90” com George Michael) ficou para o “The Who” com versão básica de “My Generation”, com Zak Starkey (ex-Oasis) na batera.

Tudo isso misturado com o maravilhoso mosaico áudio-visual de “Imagine”, (com a composição do rosto de John Lennon) cantado por Emeli Sandé, mais as performances de Ray Davies, do Kinks, do clássico “Waterloo Sunset”, Annie Lennox (“Little Birds”), Kaiser Chiefs (cover the “Pinball Wizard”) e muito mais.

Todo encerramento é melancólico, mas o fator X foi o pop britânico. Deus Salve a MPB - a música popular Britânica.