A primeira vez que me lembro de ouvir música pop foi em 1980. E em 1980, parte desta música - ao menos, fisicamente - morreu. E assassinada. A crueldade, a partir daquela data, perdeu o próprio limite.
Primeiro, porque matar um astro pop não tem o menor sentido.
Calar uma voz fisicamente é possível. Sim, isso é verdade.
Mas o ato de eliminar da face da Terra de alguém como John Lennon foi o mesmo que se suicidar.
As músicas cantadas por ele, compostas pelo próprio, ou em parceria com Paul McCartney, já naquela altura, em dezembro de 1980, não pertenciam mais a ninguém.
Paradoxalmente, pertenciam a todos.
Era como se fosse uma nova estação que entrou permanentemente no calendário: primavera, verão, outono, inverno e Beatles. Um nome, um universo com muitas dimensões.
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Cresci, e meu gosto pela música do grupo e das carreiras solo de cada Beatle também cresceu. Aprendi também, que apenas a menção de John Lennon é capaz de conjurar muitas coisas. Entre elas, a "imaginação".
Neste ano, há poucos dias, estava próximo de Paul McCartney, em dois shows realizados aqui em São Paulo. Pensei, enquanto lá: e se John Lennon estivesse aqui, para fazer uma participação especial?
E não é que ele apareceu mesmo?
Quando McCartney tocou "Here Today" (sua conversa particular com o amigo, gravada em 1982) e depois, quando cantou "Give Peace A Chance", cercado de balões brancos, a teoria de que a morte de Lennon não havia eliminado o artista do planeta, há tanto tempo, ficou ainda mais sólida.
John Lennon foi declarado morto no final da noite de 8 de dezembro, na cidade de Nova York.
Mas, naquele mesmo instante, a mesma bala que o derrubou foi a mesma que prendeu sua alma para sempre aqui no planeta. A doce vingança do rock and roll.
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3 comentários:
Excelente texto, Dirani!
Valeu pela generosidade
Ele deixou mais que músicas, deixou mensagens de paz,de um mundo melhor. Pena que 'Lennons' não dão em árvores...
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