sábado, setembro 24, 2011

Rock In Rio #1: Uma noite cheia de paradoxos




Paradoxos em alta. Em 1985, o Brasil nunca havia organizado um mega festival, e ainda amargava resquícios da ditadura. Ainda que tudo muito light, se comparado com os anos de chumbo. Já em 2011, mais de 170 artistas devem percorrer as fronteiras brasileiras até o final do ano. Não dá para dizer que piorou.

Já na parte política, enquanto Milton Nascimento rateava de forma espetacular o single "Love Of My Life" (um dos ápices do primeiro Rock In Rio, na voz de Freddie Mercury), apenas dois membros da Comissão de Constituição e Justiça trabalhavam quase secretamente em Brasília, na aprovação de projetos como regulamentação da profissão de cabeleireiro, concessões de radiofusão e até acordos internacionais. Os outros 35 deputados necessários para regulamentar a votação haviam apenas assinado a lista de presença e deixado a casa. Papelão.


Milton Nascimento


O grande Milton Nascimento - um dos ícones das Diretas Já - foi escolhido para abrir o festival, após a projeção de imagens nostálgicas de edições do Rock In Rio. Deu pena das desafinadas e rateadas vocais no clássico "Love Of My Life". Sinal de que a noite prometeria muitas surpresas, nem todas agradáveis. O ponto positivo: Queen na tela, arrepiando os pelos de quem acompanhou de perto o primeiro Rock In Rio, em janeiro de 1985. 

Titãs x Paralamas

DE FATO, o único momento rock and roll da noite, musicalmente falando. Paulo Miklos cantando muito do lado dos Titãs, e Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, mostrando toda sua dignidade. Apesar da falta de mobilidade, provou que pode "rockar" mais que a maioria dos nossos "roqueiros" (vejam as aspas) contemporâneos brazucas. Hits não faltaram: "Ska", "Flores", "Meu Erro", "Homem Primata", "Epitáfio" e "Beco". Recibo passado de que isso sim era BR-rock. Sem fazer coraçãozinho.

Cláudia Leitte

Tentou tocar violão, tentou cantar, tentou dançar e tentou... Como o ingresso do Rock In Rio é caro, assim como os direitos de imagem, a cantora baiana provou que existem mais perigos econômicos do que os cracks nas bolsas de valores mundiais. Recomendo Axé e pseudo-pop nas ruas do animado Carnaval de Salvador.

Katy Perry

Por mais bizarro que pareça, KP foi o destaque da noite. Nem tanto pelo new "slut pop" da bela cantora de "I Kissed A Girl", mas por sua atitude no palco. Cantando bem para os padrões Britney (que tripudiou o público no Rock In Rio 2001 com playbacks), Katy esbanjou simpatia e pode se dizer que valeu o ingresso para quem esperava coisas diferentes (ao menos para mim, que nunca havia assistido a nenhuma apresentação da norte-americana de olhos grandes e azuis). O Brasil marcou presença com o fã Julio César, de Sorocaba, que tirou uma casquinha da artista. "Wow, it woke up" - brincou Perry, olhando para baixo da cintura do paulista.

Elton John

Poucos nomes tem tantos hits clássicos como Sir EJ: "Skyline Pigeon", "Goodbye Yellow Brick Road", "I Guess That's Why They Call it The Blues", "Saturday Night" (all right for fighting), "Tiny Dancer" "Don't Let The Sun Go Down On Me". Todos apresentados na noite de ontem.  A performance foi impecável e certinha, mas pecou exatamente por isso. Show bem parecido com o da turnê que passou por aqui em 2009. Faltou pimenta. E ainda EJ não voltou para o encore, visto que o público estava ardendo por Rhianna. Organização pisou na bola com uma das maiores lendas do pop.


Rihanna

A diva do R&B nascida em Barbados, aparentemente, era o nome mais aguardado da noite. Mas não para quem tentava compreender o sentido de a primeira noite do Rock In Rio ser potencialmente a mais pop e comercial de todas que estão por vir. Show competente, mas nada roqueiro. Não terminei de assistir. Acabou às 4h da manhã, porque ela simplesmente atrasou 90 minutos.

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1 comentários:

Cláudio,
Boa tarde!

O mais bizarro da noite não ocorreu na Cidade do Rock(?), mas sim na telinha do Multishow.

Ao fazer a "apresentação" de Elton John antes do show, mostraram trecho do clip de "Don't go Breaking My Heart" dizendo que era um dueto do Sr. Reginald com "a drag-queen Ru Paul!!!!!! hhahahahahahahahahahahahahah

Coitada da Kiki Dee... Não ser conhecida no brasil ainda vá, mas ser chamada de drag... foi demais!

Além disso, teve a linda Dani Monteiro tentando extrair algo dos VIPs, a insossa Didi Wagner e uma morena que não guardei o nome totalmente fora de contexto... Quando o Beto Lee é a melhor opção de apresentador, algo vai mals... Confesso ter sentido saudade do Zeca Camargo...

Vc está aqui no RJ? Abs e boa cobretura do segundo dia...