segunda-feira, novembro 14, 2011

Sabor de "quero mais" e as estrelas de Ringo




E levaram exatos 48 anos, a contar pela chegada do primeiro disco (Please Please Me), para que o Brasil pudesse receber – e no mesmo ano – os 50% da banda que mudou a história da música pop. Em maio, Paul McCartney fez dois shows no Rio de Janeiro, aproveitando o embalo dos três do final do ano passado em PoA e SP. Finalmente, nestes últimos dias, Ringo Starr fez os seus três primeiros gigs em território nacional, junto com sua All-Starr Band. Dois deles, em São Paulo, no Credicard Hall. E eu estava lá. Aliás, vi os dois Beatles por aqui, assim como muitos fãs iluminados, que chegaram ainda mais perto desses mitos.

Como começar?


        Talvez pelo fim. A apresentação de Ringo no Credicard Hall de ontem, 13 de novembro, foi emocionante. Talvez nem tanto pelo conjunto da obra apresentada no palco. Foram apenas 11 músicas com o seu vocal. O baterista dos Beatles, afinal, compartilha o palco com estrelas (umas brilhantes, outras um pouco opacas) do cenário musical desde 1989, e os shows seguem este formato até hoje. É como se Ringo fosse a estrela principal, mas “nem tanto”. O método democrático pode até agradar quem não é daqueles seguidores fiéis do grupo. Não que a qualidade das performances fosse abalada. “Broken Wings” soa bacana com Richard Page, e “Dreamweaver”, com Gary Wright, é bonita. Pálida, mas legal.


As gemas apresentadas por Ringo - isto é, quando ele tinha chance de tocar e cantar - seriam mesmo as atrações da noite. E ao ouvir o baterista que reinventou o seu instrumento, deu para perder um pouco do senso de tempo e espaço. Por exemplo, no momento em que ele brincou com o público sobre a música que iria tocar: “Não, não é essa banda que vocês pensam... Eu também toquei essa com Rory Storm and The Hurricanes" (e ai, solta “Boys”, de Please Please Me). O que passa neste momento, é uma viagem ao passado. Mais especificamente aos filmes que a gente viu na série Anthology sobre a formação do grupo. Ai, o cartão telefônico completa a ligação. Sim, estamos vendo ai “o baterista” dos Fab Four.

Uma pena que esta sensação foi interrompida constantemente, à base de jatos de “anti-clímax” promovidos pelos excelentes músicos da banda. A cada duas ou três músicas com Ringo, tínhamos, mais duas ou três músicas apresentadas por Edgar Winter (teclados, sax, percussão),  Rick Derringer (guitarra solo), Waly Palmer (guitarra rítmica), Gary Wright (teclados). Cada um deles, cantou mais de uma vez, e de forma brilhante.  O problema todo ficou neste mix. A combinação de tudo foi a popular salada russa – ou maionese. Sons dos anos 80 com hits dos anos 60 e 70, recortados por solos de guitarra estridentes (ainda que impressionantes) e sintetizadores com feedback.

Por exemplo, quando o público se prepara para ver Ringo tocar e cantar pela primeira vez em sua Ludwig, o ápice é cortado 2 minutos depois com a melancólica “Dreamweaver”, composta por Gary Wright durante sua estada na Ìndia (feito a convite de George Harrison). Apesar dos debilitados vocais, a performance agrada. Mas a sensação de ver Ringo tocando batera e cantando dura pouco, e só vamos conferir Ringo, de forma simultânea, cantando e movendo as baquetas, nove músicas depois.

Mas nem tudo aqui é crítica. Os pontos altos dessa aventura no mundo de um dos “garotos” de Liverpool são, sem dúvida, os vocais em “Yellow Submarine”, que fez todo mundo cantar e levantar das cadeiras. Depois, a maravilhosa “Photograph” (que na noite anterior, recebeu homenagem dos fãs), seguida pelo (quase) gran finale, com “With A Little Help From My Friends”. Billy Shears estava lá, pra cantar e encerrar a noite com muita paz e amor.
O sonho do fã dos Beatles e de Ringo como artista solo, é de que ele reformule este espetáculo e acrescente outras obras que abrilhantaram sua carreira, como “Octopus’s Garden”, “Don’t Pass Me By” (as únicas composições assinadas por ele, solitariamente, nos Beatles), além de gemas-solo, como “I’m The Greatest”, “Six O’Clock” ou a maravilhosa “Weight Of The World”, de seu disco solo de 1992 Time Takes Time. OK para o conceito da All-Starr.  

Superfantástico seria sem ela.

1- It Don’t Come Easy (Ringo 1973)
2- Honey Don’t (Carl Perkins)
3- Choose Love (Choose Love)
4- Hang On Sloopy (The McCoys)
5- Free Ride
6
- Talking in Your Sleep (The Romantics)

7- I Wanna Be Your Man (WIth The Beatles)
8- Dream Weaver
9- Kyrie (Mr. Mister)
10- The Other Side Of Liverpool (Y Not)
11- Yellow Submarine (Revolver)
12- Frankenstein
13- Back Off Boogaloo (single)
14- What I Like About You (The Romantics)
15- Rock and Roll, Hoochie Koo (Rick Derringer)
16- Boys (Please Please Me)
17- Love Is Alive
18- Broken Wings (Mr. Mister)
19- Photograph (single)
20- Act Naturally (Help!)
21- With a Little Help from My Friends (The Beatles)/Give Peace a Chance (John Lennon)

###

0 comentários: