quarta-feira, novembro 23, 2011

Um dos melhores discos dos últimos 10 anos



Antes de começar isso aqui, voltei um pouco no tempo. Mais exatamente, em 1997. Pouco antes de o Oasis lançar Be Here Now, o terceiro do grupo de Manchester, os irmãos Caim e Abel do rock destilavam seu veneno pelos tablóides e semanários de rock britânicos, comentando sobre tudo e sobre todos. Nem mesmo os Beatles escapavam de acusações do tipo: “os discos solo de Paul McCartney são um lixo”. Até bater boca com George Harrison, Liam Gallagher bateu.

Este comportamento arredio, fora e dentro dos palcos (com destaque para o vocalista), fez com que o Oasis cultivasse muitos inimigos. Muitos deles, que curtem um rancorzinho até hoje.

E o rancor sobre o Oasis talvez tenha sido o principal fator que brecou a escalada da banda nos EUA. O sentimento negativo, não há dúvida, impede que muitos considerem o primeiro disco de Noel Gallagher, que chegou às lojas no final de outubro, seja encarado como uma das obras musicais de maior brilho lançadas nos últimos anos. Principalmente, se compararmos este álbum com os CDs do Oasis mais recentes.

Confesso que não esperava que High Flying Birds fosse assim, tão consistente, conciso e melódico. De “Everybody’s On The Run” a “Stop The Clocks”, é uma garantia de satisfação para quem aprecia o pop contemporâneo com pitadas de Britpop – seja ele dos anos 90 ou 60.

Influenciado pelo The Kinks (sem vergonha alguma, em faixas como “Soldier Boys and Jesus Freaks” e “The Death Of You And Me”), High Flying Birds comprova que ainda é possível tratar o ouvinte que compra CDs com respeito. O CD tem 10 faixas, e é montado de forma tradicional, com contornos de produção que lembram (What’s The Story?) Morning Glory, do próprio Oasis. 

O termo “respeito” é explicado: Com a decadência das vendas de discos, grande parcela dos CDs atuais é mais uma coleção de singles do que um projeto conceitual, com começo, meio e fim. Tradicionalista por natureza, Noel despreza a mp3, e por isso não correu riscos no parto de seu primeiro bebê.

Desde as letras (mais maduras, espelhando seu relacionamento com a nova mulher, Sarah, e seus filhos) até os arranjos (garantidos por David Sardy, de Dig Out Your Soul), High Flying Birds não veio para revolucionar o mundo nem provar nada. Todos já conhecem Noel Gallagher. Esta falta de prepotência, muito característica do início do Oasis, também já colabora bastante para que o trabalho seja aceito e ouvido, ao invés de ser ignorado.

A missão do CD é clara: Tornar a voz de Noel mais conhecida do grande público acostumado a ouvir Liam, e ratificar que o guitarrista/compositor tem a intenção de continuar a fazer mais música do que gerar polêmica. E, sinceramente, isso já é mais polêmico do que a própria história do Oasis... 

Agora o “Chefe” quer mais saber de paz, amor e rock. Ah, sim, sem esquecer da goleada de seu City sobre o United, no clássico de Manchester (6 a 1!). A propósito, este álbum não só deu “chocolate” no cenário pop atual, como desmoronou o bom Different Gear, Still Speeding, do irmão Liam. Em uma frase: High Flying Birds é um dos melhores discos dos últimos 10 anos.

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